Lição com dramalhão

Beatriz, com 6 anos, tinha bastante lição de casa para fazer.

– Beatriz, vai fazer a lição. – pede sua mãe.
 – Já vou, mamãe, estou com fome. – explica Bia.

Meia hora e uma bisnaguinha com nutella, mais tarde… 

– Beatriz, vai fazer a lição! – pede, com mais ênfase, sua mãe. 
 – Já vou mamãe, estou com sono.

Mais uma hora e muitos desenhos depois… 

– Beatriz, vai fazer a lição!
 – Já vou mamãe, estou com dor de barriga. – responde Beatriz,  já com um início de dramatização.

Mais meia hora… 

– Beatriz, vai fazer a lição! 
 – Não consigo, mamãe… – e a dramatização fica mais elaborada…

– Beatriz, pára de se fazer de coitada e vai fazer a lição!
 – Eu não tô me fingindo de coitada. Eu sou coitada!!! – finaliza a mocinha, que, depois de exercitar bastante sua veia artística, conclui a lição rapidamente, às 17h30.


Cura fraternal

Bebel, com 5 anos e pouco, ficou gripada e sua mãe pediu pra que não fique muito perto da irmã bebê.
 
– Se você ficar respirando muito perto, vai passar a doença pra ela. – explica sua mãe.

– Mas mamãe, se eu passar a doença pra ela, aí eu não vou mais estar doente! – anima-se Bebel.

Trocar a fralda

Melina tinha dois anos e resolveu brincar no quarto dos pais enquanto eles trocavam de roupas.

De repente, quando seu pai estava de cuecas procurando uma calça para vestir, ela começa a brincar de “túnel”, passando por debaixo de suas pernas.

– Cuidado aí, hein, filha! Não vai machucar o papai…

– Agaá! – responde Melina, empolgadíssima, engatinhando de um lado para outro.

Logo em seguida, ela resolve levantar-se bem no meio do “túnel”, erguendo-se pelas pernas do papai.

– Filha, não!

Mas já era tarde, ela já está com as mãozinhas bem direcionadas àquela região tão protegida pelos homens nos jogos de futebol.

Seu pai, “petrificado” procura em vão a ajuda da esposa, que a essa altura já enfiou o rosto no travesseiro para abafar o riso.

– Ãh… filha… é…

Melina, com uma carinha de quem acabara de descobrir algo muito importante, simplesmente pergunta:

– Tá com “totô”, papai???

Exceção!

Amanda tem um primo, chamado Bráulio, que é só 6 meses mais novo que ela.
Quando eles tinham uns 4 ou 5 anos gostavam muito de brincar juntos e, sempre que possível, o Bráulio ia brincar na casa da Amanda. No final de um desses dias, quando Amanda e o pai foram levar Bráulio de volta para a casa dele, encontraram tudo fechado.

Ao ver a cara de decepção de Bráulio, Amanda correu até a porta, pegou um bilhete imaginário e leu em voz alta:
– “Bráulio, precisei sair. Me espere e não vá pra lugar nenhum, exceto pra casa da Amanda”.

Logo tudo se resolveu, pois a mãe de Bráulio, que realmente tinha precisado sair, voltou logo.

Quando soube da história, Lenina, uma das irmãs mais velhas de Amanda perguntou:

– Mas você sabe o que significa “exceto”, Amanda?

E ela respondeu com um ar de “claro que sei”:
– Ai, Le, exceto é bichinho que voa!

Caldinho

Felipe, de dois para três anos, adora ficar no colo da mamãe trocando carinhos. Um dia, ele ganhou um abraço bem apertado e ouviu:
– Ai, filho, você é tão fofinho, que tenho vontade de te apertaaaar até sair caldinho!
E rapidamente respondeu:
– Ah, então eu vou te apertaaaar até sair leitinho!

Lançamento do Livro!

Com bastante alegria anuncio aqui o lançamento do livro “Conversas de Gente Grande – histórias infantis para adultos”!!!

Será no dia 26 de maio na Livraria da Vila – Fradique Coutinho, 915. A partir das 18h30.

Nesta primeira edição foram selecionadas 60 historinhas lindamente ilustradas pela artista plástica Julia Borst. Para quem ainda não sabe, o projeto do “Conversas” surgiu no caderno em 2007, foi transformado em Blog em 2010 e selecionado para um livro em parceria com a ComArte/USP em 2011. Demorou mas saiu 🙂 Quero ver todo mundo na livraria!

foto_livro
crédito da imagem: arquivo pessoal

 

A vida e o planeta

Theo, com quatro anos e um mês, em uma conversa no carro passando por uma praça cheia de cachorros:

– Theo, sabia que o papai já teve uma cadela dessa que se chamava Cocada? – conta sua mãe depois de ver um Husky Siberiano.

– É? Mas onde ela está?

– Ela já morreu – explica o pai.

– Por que os cachorros morrem?

– Porque são animais, como as pessoas, nascem, vivem, morrem, é a vida… – filosofa um pouco a mãe.

– Tudo bem… (pausa reflexiva)… Mas, mãe, como é que começou o planeta Terra?

Descrevendo

Sarah, com seis anos, conversando com sua irmã mais velha, Anna…

– Sarah, eu gosto do jeito que você descreve as coisas. – diz Anna.

– Mas eu não sei escrever! – estranha a pequena.

– Eu não disse escrever, disse descrever.

– É a mesma coisa!

– Claro que não! Sabe o que é descrever?

– Sei! Des-crever é igual a apagar!

 

lapisborracha