O pai de Bianca, de quatro anos e pouco, chegou em casa e encontrou a filha ajoelhada, com as mãozinhas unidas em oração. Achou um pouco estranho, já que esse não era um hábito da família, mas resolveu se aproximar em silêncio para não atrapalhar. Chegando mais perto, ele escutou a pequena falando baixinho:
Self-service
O rei da selva
Sarah, com 2 anos e 4 meses, chegou contando animada:
– Mamãe, eu tití Tesão!
– Assistiu o quêêêê? – estranhou sua mãe.
– Ele faz assim ó: OooooOoooOoooô!
– Garçom, sem irmão, por favor!
Camiseta refrigerada
O Bruno tinha uns 3 anos quando ganhou uma camiseta do Internacional. O pai, pra valorizar ainda mais o presente, explicou:
– A camisa é oficial e é feita daquele tecido especial, que resfria o suor.
No dia seguinte, Bruno acordou decidido e logo pediu:
– Mãe, hoje eu quero vestir a camisa do Inter. Aquela, a Risfial!
Mussun’s language
Theo, com quatro anos ainda não conhece o Mussum, dos Trapalhões, mas já se tornou um adepto de sua forma de falar:
Com a mãe:
– Tá muito frio, mãe, melhor colocar o capulis!
E com o pai:
– Ô pai, eu vou te ajudar a instalar a prateleira. Pega aqui a buchilis pra colocar o parafuso.
Proporção
Aula de História no 7º ano; comparação entre Arte Medieval e Arte Renascentista. A professora explica:
– Nas obras de arte Renascentistas a noção de perspectiva, profundidade e proporção é muito mais precisa do que na medieval. O corpo dos seres humanos passa a ser retratado com muito mais minúcia de detalhes, blablabla...
No livro, os alunos observam um exemplo de obra renascentista: A Criação de Adão (Michelangelo – teto da capela Sistina).
– Professora, você tem certeza que essa obra é Renascentista e não Medieval? – pergunta uma aluna.
– Claro, é um exemplo clássico, o Michelangelo, blablabla..., o homem, blablabla… Convenci?
– Não, por que a noção de PROPORÇÃO aí tá muuuuito errada!
Risos gerais até o final da aula. Busca obstinada de todos os alunos para acharem mais homens e mulheres pelados pelo livro inteiro. A professora, então, resolve colocar mais lenha na fogueira, na tentativa de quebrar um pouco esse tabu da nudez:
– Ah, meninas, é assim mesmo, tem horas que fica pequenininho tem horas que fica grande, ué!

imagem: wikipedia/domínio público
Brincar de viver
Lina, com quase 4 anos, fez uma proposta bem interessante para seu pai:
– Papai, vamos brincar que você é meu pai e eu sou sua filha?
E outra para sua mãe:
– Mamãe, outro dia vamos pra todos os lugares do mundo?
Aranha no escritório
Heitor, com dois anos e oito meses, colocou sua fantasia e entrou correndo no escritório:
– Oi Homem-aranha! Como você está? – pergunta o pai, dando uma pausa no trabalho.
– Vermelho! – responde Heitor.
– Ah… que tal você dizer: eu estou pronto para amarrar os bandidos com minha super teia! – sugere o pai.
– Eu também! – anima-se o pequeno.
Origem das palavras
João, com 5 anos, conversando com seu pai:
– Olha papai, ligar e ligar, é igual!
– Como assim, filho?
– Você fala que vai ligar pra casa e também fala que quer ligar a televisão. É igual mas quer dizer outra coisa. Por que é igual?
– Eita… Eu não sei, mas tem gente que estuda um tempão etimologia, que é pra saber de onde as palavras vêm.
– Ué, não tem que estudar, elas vêm da boca!


