Ana adora brincar de falar no celular com a sua terapeuta.  
	No primeiro dia em que propôs a brincadeira, ela demonstrou estar muito bem entrosada com as novas formas de comunicação.
	– Então, Ana, o que você quer fazer hoje? Vamos continuar montando o quebra-cabeça?
	– Não, vamos brincar de casinha? A gente é amiga e tem celular. Aí você me liga.
	– Tá bom, então vou te ligar, atende aí: “Trrrriiim, trrrriiim”!
	– Que é isso?
	– Ué, o telefone tocando…
	– Mas o telefone não toca assim.
	– Ah, é mesmo, eu me esqueci… é  que na época em que eu brincava de falar no telefone eles tocavam assim (risos). Agora vou fazer direito, vamos la! “Tãnãnãnãnã, tãnãnãnãnã”!
	– Ah não, o meu celular não toca assim, não.
	– Mas você nem tem celular. E o meu toca assim, oras… Bom, ok, me liga você, que eu atendo, então.
	– Tá! Atende aí (começa a cantar, animadíssima): “I’m a barbie girl, in a barbie wooorld!”